THE HANDMAID’S TALE LIVE

MAYDAY ( EP. 13X03)

Qual a mensagem desse episódio? A mensagem de que a primeira coisa que a gente precisa ter na nossa vida, é fazer o bem, é fazer a caridade do jeito que a gente puder, o jeito que a gente conseguir. Que foi o que TODOS os personagens fizeram nesse episódio.

Eu queria usar esse episódio pra mostrar pra vocês como se constrói um roteiro, uma história, e principalmente um episódio final em cima de tensão. Em cima de clímax para que a sua audiência fique o tempo todo comos olhos grudados na tela. Esse é um ótimo exemplo disso então vamos lá.

O episódio abre com o flashback das mulheres capturadas quando Gillead tomou o poder, e com a June falando que lembrava que os homens fazendo aquilo eram Ruthless, que quer dizer, cruéis, impiedosos, e que provavelmente foi sendo assim que eles ganharam o poder. Aqui a gente já tem tensão mas vamos mais pra frente.

A gente vê nas próximas cenas as aias entregando os sabonetes pra June escondido enquanto ela anda pela rua, mesmo ela estão sendo escoltada por um homem armado- primeiro ponto de tensão. E ela continua narrando falando sobre o plano, e se compara com os homens, dizendo que se tudo isso não for uma armadilha ela vai levar as crianças até o aeroporto porque ela também é impiedosa, porque ela também não está nem aí. Aqui ela cria tensão quando fala que o plano pode não funcionar, porque a gente já está com bastante esperança né.

Tem o momento em que a Aunt Lydia fica suspeita e fala pra June que é pra ela prestar bem atenção no que ela faz e a June realmente não tá nem aí. – Tensão.

Ela chega em casa e despeja todos os sabonetes em cima da bancada e a gente já está se perguntando um milhão de vezes qual é a dos sabonetes. Esse é outro momento muito bem feito, porque além da tensão criada eles adicionam uma curiosidade aqui em cima. A gente quer saber como elas elaboraram o plano, como tudo vai funcionar, o que ela vai fazer com os sabonetes? Você quer assistir porque você quer saber o que vai acontecer!

Ela conversa com a segunda martha da casa né, que até agora não tinha muita relevância, e AQUI episódio ela tem o momento em que ela chama a atenção da June e diz eu também sou uma pessoa forte, eu era radiologista antes, eu também tenho valor e sou uma mulher forte e posso ajudar. E a June só diz, ok então faça só parar de reclamar e faça. E ela já chega pro Joseph e fala não, agora não posso te ajudar e vai fazer outra coisa.

O poder da June começa nesse momento em que o Joseph fala nossa ela tá meio irritadinha né, e a June responde Não, talvez você só tenha esquecido como é uma mulher forte.

A June deixa claro que ela tem fé no plano dela e continua cortando os sabonetes, e o Joseph diz que convocou uma reunião pra manter os “comanders” longe das estradas naquela noite. Então com essa confiança demonstrada pela June até o final dessa cena e com essa informação dada pelo Joseph, a gente tem um momentinho mini de confiança, de pensar que ok, está tudo correndo de vento em popa.

Essa parte já faz episódio extremamente emocionante quando elas estão se preparando, elas preparam lanches, a June derrete o sabão, elas arrumam tudo no porão da casa, e a June usa o sabão pra passar nas janelas pra deixar elas embaçadas e no portão por onde as crianças e as marthas vão entrar pra não fazer barulho. Elas colocam um abajur na janela que dá pro portão com um pano vermelho em cima pra avisar que é ali mesmo e o plano está em pé.

Aí acontece o primeiro imprevisto, é o primeiro ponto de virada e percebam que eles colocaram essa “confiança” logo antes do ponto de virada pra ser realmente uma virada radical e deixasse a audiência nervosa com o que vai acontecer agora.

É preciso que haja esses contrastes pra que a audiência se mantenha comprometida e focada na historia.

O ponto de virada aqui é quando aparece uma martha com uma criança que é a KIKI, só que ela chega cedo demais, era pra todas saírem só quando escurecesse. Tensão total nesse momento e nós estamos somente nos 13 primeiros minutos desse episódio. A Martha então pergunta se é isso mesmo se é naquele dia e ali que vai acontecer o MAYDAY, fica muito claro que a June não sabia que era assim que elas estavam chamando o plano fora da casa dela né, mas ela sorri e diz que sim.

Passamos então para o Canadá onde a Serena está já sentadinha na parte externa da prisão, LENDO UM LIVRO, a gente entende que da forma que as coisas estão andando e com a cooperação dela ela vai ganhando mais liberdade.

Aqui tem uma dessas falas com significado bastante carregado que é uma coisa bem decorrente em the handmaids tale que e quando o diplomata lá, até hoje não aprendi o nome dele, diz que ela entregou os direitos de recusar a fazer as coisas que o governo estava impondo porque ela tinha feito um acordo. E Serena muito calma responde eu não entreguei os meus direitos, eu troquei eles pra pela minha filha. Ou seja, ela deixa claro que ela não está em uma situação como em Gillead novamente aqui ela teve uma outra postura. E d;a pra ver na cara dela que ela fica feliz quando sabe que vai poder andar livre pela cidade.

De volta na casa dos Lawrence a June está ajudando a KIKI, a menininha a se limpar e tentando conversar com ela pra deixar ela mais calma. A menina então pergunta como é fora de Gillead porque ela não se lembra como era antes.

A June explica que ela vai ser livre, vai poder usar o que quiser, e ninguém vai machucar ela por ler, nem no que pensar, nem no que acreditar. E ela não precisa ser mãe nem esposa se ela não quiser, e ela pergunta então o que eu vou ser? E a June diz: Você mesma.

É muito emocionante essa parte porque dá pra entender que as crianças realmente precisam ser tiradas dali porque elas estão sofrendo uma lavagem cerebral REAL.

Principalmente quando a Kiki então pergunta, e mesmo assim Deus vai me amar? Nossa dá uma dor no coração, e a June responde SIM, e da pra ver que até ela fica abalada com essa pergunta.

Aqui de novo a gente vai ter mais um momento de contraste. A interação da June com a Kiki deu um ar de paz, um ar mais feliz por ela imaginar um mundo em que ela seria livre, e logo depois teremos outro ponto de virada que é em que a martha que trouxe a Kiki, a Meggie, chega falando que mudou de idéia que elas precisam voltar porque está demorando muito e alguém vai descobrir.

Elas tentam convencer ela de não ir embora mas ela tenta sair correndo com a Kiki. A June então vai até o quarto dela e pega a arma que o Lawrence deu pra ela e ameaça a Maggie mas mesmo assim ela corre.

Aí a Kiki está vindo correndo e de repente a June em uma reação aponta a arma pra criança. Nesse momento a gente vê um dos melhores momentos de atuação da Elizabeth Moss, a expressão dela é de arrepiar, e sem falar nada ela passar toda a emoção que a June tá sentindo naquele momento até que ela põe a arma no chão.

Logo depois desse momento crítico, a June está sentada na sala e o Lawrence vem cheio de medo falar pra ela que eles precisam cancelar a operação, porque fecharam os acessos ao aeroporto, e a June diz que não, ela a usa a palavra PATOLOGICO pra descrever o homens que pra quem não sabe significa uma algo referente a uma doença, uma coisa mórbida, doentia, se referindo à essa mania, esse vício que ela diz que os homens tem e aqui a gente percebe que esse vicio é um vício social mesmo desse pensamento de que quem comanda é o homem.

Mesmo um homem como Joseph que está do lado agora tem isso dentro dele e esse sentimento é sim social gente. Ontem eu estava em uma aula, e estávamos falando do final de um livro, um livro biográfico, ou seja aquelas coisas realmente aconteceram, e no final desse livro o protagonista encontra as pessoas mais fodas do ramo pra ajudar ele no que ele tinha que fazer lá. TODOS os nomes eram masculinos. É um livro antigo? É um livro antigo, mas ele só ilustra da onde vem essa herança de mentalidade masculina.

Nessa hora a gente tem uma movimentação de câmera muito boa que trabalha junto com a história. Primeiro a câmera está de baixo pra cima em direção ao Joseph e quando ela enfrenta ele a câmera iguala os dois. Tudo nessa série é MUITO pensado. O Joseph fica putinho fala aqui ainda é minha casa! E ela dá risada e diz sério você ainda acha que essa casa é sua? Ele fica bem quietinho é uma cena MUITO boa.

Aí ela diz pra ele ir encontrar um mapa pra ela porque ele tinha falado que como a Martha tinha sido visto com a criança durante a luz do dia, eles fechariam todas as saídas e tal então a June precisa achar um outro caminho pro aeroporto.

Voltamos lá pro Canadá onde o Fred está sendo interrogado naquela maior calma dele que dá vontade de socar a fuça dele, mas ele já está com uma cara de acabado. Ele então começa a falar que quer reportar crimes cometidos pela Serena. O Mark diz que a Serena tem imunidade e tal mas o Fred diz que ela cometeu crimes muito graves mas antes que a gente possa saber o restante voltamos para Gillead.

A June, a Beth e a outra Martha resolvem que vão então levar as crianças por um caminho pela floresta e é nesse momento que as crianças começam a chegar. É uma cena extremamente emocionante principalmente quando chega uma handmaid com um bebê nos braços e com ela vem a Rita, a martha que estava na casa do fred e da serena com a June e a Rita fala, ela teve que matar o comander e a mulher porque eles não iam deixar ela sair com o bebê. A June abraça a Rita e a gente lembra dessa amizade que elas criaram naquele tempo todo em que ela estava na casa dos waterfords.

Nesse momento voltamos pro Canadá onde a Serena está brincando com a Nicole e o Mark chega chegando dizendo que ela está presa por crimes cometidos contra os direitos humanos. Por conta do estupro da June. Ele diz que ela persuadiu o nick a ter uma relação com a June para que ela engravidasse.

A Serena diz que ela estava sobre influencia do estado e ele diz que mesmo assim isso é estupro e manda prender a Serena.

De novo aqui a gente teve esse contraste pessoal, com as aias chegando e com a parte do fred a gente tem meio que uma calmaria né, mas agora com a Serena sendo presa e as próximas cenas, elas a tensão vai voltar bem alta.

A June e as marthas voltam depois de terem marcado o caminho pela floresta e vêem que a luz vermelha que elas tinham deixado acesa está apagada. Aqui tá a pegadinha de que alguma coisa pode ter dado errado. DE NOVO, TENSÃO.

Elas entram devagar com na casa e descobrem que o Lawrence apagou todas as luzes porque tem muito mais do que 50 crianças lá, e ele está sentado no porão com elas lendo uma história.

Essa parte é fofa porque o Lawrence depois vai dizer que não ia fugir com elas porque não gostava nem de voar nem de crianças e agora lá está ele lendo The treasure hunt, um livro de fantasia de 1982 escrito por Byron Priess.

E esse é um livro muito legal que tem a ver com o tema do episódio porque é um livro meio de segredos e caça ao tesouro. Aqui nesse episódio a gente tem o mapa, o caminho pela floresta e o tesouro seria conseguir libertar as crianças.

E esse livro é escrito diferente, o autor colocou 12 versos nele com pinturas interessantes, e depois, ele mesmo enterrou 12 caixas de cerâmica ao redor dos estados unidos. A idéia é que os leitores unissem cada pintura com um verso e assim encontrassem pistas de onde estariam essas caixas. Cada caixa continha uma chave que poderia ser trocada por um premio de mil dólares. Só que até hoje só encontraram 2 caixas!

Mais sobre o livro:

https://www.thevintagenews.com/2018/08/27/hidden-treasures/

Bom então chega a Janine dizendo que os pais da Kiki acordaram e reportaram que a Kiki tinha sumido e que agora eles estavam procurando casa por casa e é isso que faz com que elas comecem a colocar a fuga em ação. A June se despede de um jeito muito emocionante do Joseph, ele diz que vai ficar pra limpar a própria bagunça então talvez isso signifique que ele vai fazer parte da revolução? VEREMOS. E aí ele finalmente chama a June pelo nome dela ele fala, June Osborn e ela vai embora.

A cena da fuga pela floresta é linda fotograficamente falando tem uma hora que elas passam por um túnel e tem um contra luz lindo, tem uma trilha maravilhosa, é claro que é um dos momentos de maior tensão porque elas tem que se esconder e abaixar quando passam os carros de busca, é muito muito muito emocionante.

Quando elas chegam no aeroporto a gente vê que obviamente tem um monte de viatura lá guardando o lugar e June dá uma de heroína e fala que vai distrair o guarda pra elas poderem passar sem ele ver. Só que quando ela chega do outro lado, logo em seguida chegam a Janine e mais uma galera pra ajudar.

Elas começam então a apedrejar a viatura e o guarda começa a atirar na direção da floresta. Essa idéia das pedras é bem significativa porque as aias em Gillead foram ensinadas e são obrigadas a apedrejar quem comete crimes e aqui elas usam isso pra uma coisa completamente contrária é muito legal essa noção.

Nessa parte a gente perde a Martha que acabou se revelando nesse episódio na casa do Lawrence lá. Não deu pra ter certeza quem mais levou tiro nessa hora mas a June resolve que não é pra mais ninguém morrer e fala pra elas que ela vai distrair pra elas fugirem.

Ela sai então na luz pro guarda ver ela e sai correndo. O guarda sai correndo atrás dela pela floresta atirando e tem uma hora que ele acerta e ela cai no chão. Pessoal a gente chegou no clímax. E quer clímax mais tenso que esse? A June tá sendo perseguida, certeza que tem gente que já morreu, ela leva um tiro e a gente ainda nem sabe se as crianças conseguiram chegar no avião! É assim que se escreve clímax!!

Quando o guarda chega perto dela então pra virar ela pra ver se ela morreu ela atira nele e é ele que cai. Ela então manda ele falar no rádio que foi alarme falso e que está tudo bem, e aí ela atira de novo e mata o cara. Tiveram bastante reviews dizendo que June ter matado o guardião foi uma ação dessa parte meio egoísta dela, mas se ela não tivesse matado, provavelmente ia dar ruim pelo menos na minha opinião né.

Também teve bastante gente se perguntando se a June morreu mas gente claro que não eu não tenho uma gota de preocupação dentro do meu set é obvio que ela é a protagonista da seria. Eu acho que ela tinha que ter levado um tiro pra não falar que ela sai dessa aventura toda sem nenhum arranhão né gente isso trás mais realidade pra série. Mas LÓGICO que ela não morreu.

A gente chega então no Canadá onde já tem uma equipe de resgate esperando aguardando o avião, então as marthas já tinham conseguido enviar a mensagem de que isso ia acontecer, e ainda estamos naquela tensão GIGANTE esperando pra ver se as crianças estão ou não dentro daquele avião!

A Moira é a primeira a entrar e quando ela entra a gente vê lá, um mooooonte de crianças assustadas e algumas marthas com elas. E a Kiki olha pra ela e pergunta, aqui que é o lugar em que eu posso usar o que eu quero? QUE EPISÓDIO FODA gente!!!

A gente então ve a Kiki saindo do avião, e ela olha pra um dos homens que está la ajudando e reconhece que é o pai dela.

Nessa hora gente, o Luke se transforma completamente. Você vê na atuação dele, na expressão dele, e ele tem duas mudanças aqui, ele tem essa primeira de ficar esperançoso pra ver a Hanna, e aí ele fica muito triste quando percebe que ela não está lá, e depois quando a Rita abraça ele e fala nossa como é bom finalmente conhecer você, e ele percebe que o que ele está fazendo ali não é em vão. AQUI AINDA TEM TENSÃO AINDA TEM EMOÇÃO. Mesmo quando o desfecho acontece a gente ainda não consegue desgrudar o olho da tela.

No final, chegam as aias pra buscar e a June, a cena é completamente nos padrões de The Handmaid's tale completamente teatral, a June esta tendo um flashback dela com o Luke e a Hanna brincando, e o episódio acaba.

Aqui tem um versículo da bíblia que se trata de quando Abraão está indo para um terra farta, em que tudo cresce e tal, e uma parte desse versículo é que o narrador não vai junto, ele vai ficar, e manda Abraão no caminho dele. E É ASSIM QUE SE ESCREVE TELEVISÃO MINHA GENTE. É ASSIM QUE SE ESCREVE UM ROTEIRO, É ASSIM QUE SE ESCREVE UM FINAL DE TEMPORADA.

Relação com o canada, ou guerra ? O que vocês acham que vai acontecer?

Confiram os vídeos das vítimas reais no Youtube: Equality now.